terça-feira, 20 de outubro de 2015

Vaginismo: Dores durante o sexo são um sinal de que há algo errado













Fonte: Desconforto pode indicar desde doenças cervicais a distúrbios psicológicos
POR MINHA VIDA ATUALIZADO EM 09/08/2013
 http://www.minhavida.com.br/saude/materias/12674-dores-durante-o-sexo-sao-um-sinal-de-que-ha-algo-errado

Infelizmente, nem sempre as relações sexuais são sinônimo de prazer. Para algumas mulheres a penetração, que deveria ser um ato gostoso partilhado pelo casal, é extremamente dolorida e desconfortável. E a dor varia de mulher para mulher, podendo ser de diversas intensidades e se manifestar até na região anal. Mas atenção: sentir dor durante o sexo é um forte indício de que há algum problema, seja físico ou psicológico. 

A especialista em sexualidade do Setor de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Tereza Barroso, explica que o incômodo pode estar apenas relacionado a posições sexuais pouco confortáveis. Porém, também é sintoma de doenças vaginais provocadas por bactérias ou fungos. "Em alguns casos indica patologias vulvares e doenças cervicais, como mioma e endometriose", afirma.  

De acordo com Barroso, as patologias que podem provocar dor durante a relação sexual são infecções na vagina e vulva, como a candidíase, tumores benignos e malignos, doenças do aparelho urinário, como as cistites, lesões dermatológicas causadas por doenças sexualmente transmissíveis e traumatismos. Nesses casos, a dor costuma desaparecer após o tratamento da doença que provoca o desconforto. 

Segundo a especialista, outra razão para sentir dor ou ardência durante a penetração é a falta de lubrificação. Esse problema pode acontecer, entre outros motivos, porque não houve estimulação suficiente nas preliminares. Por isso é tão importante que os parceiros tenham liberdade para conversar sobre o assunto. 

"Outra recomendação, nesses casos, é usar lubrificantes à base de água. Eles ajudam bastante e não prejudicam o preservativo", diz. Ela lembra ainda que essa lubrificação insuficiente é uma das características bastante prevalentes nas mulheres que entram na menopausa.  

Por fim, a ginecologista ressalta que a mulher precisa conhecer intimamente sua anatomia. E essa é uma dica que vale para todas elas, não importa a idade. "Durante a masturbação ou a própria relação sexual, ela aprende como obter prazer e quais as posições mais gostosas, além de descobrir formas de transformar a penetração em um momento inesquecível", afirma. 

Vaginismo 
Mas, para algumas mulheres, a dor na relação sexual nada tem a ver com infecções ou patologias cervicais. Nesses casos mais raros, a dor é provocada por fatores psicológicos como o vaginismo. Trata-se de uma síndrome psicofisiológica que tem como característica fundamental a contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes à vagina. Isso acontece sempre que há tentativa de penetração.  

"Por conta da dor, a mulher acaba evitando manter relações sexuais, o que não é natural. Em decorrência disso, muitos relacionamentos afetivos ficam fortemente abalados", esclarece. 

De acordo com os especialistas, o vaginismo é um problema mais comum em mulheres jovens e naquelas que apresentam história de abuso ou traumas sexuais. Em algumas, o quadro chega a ser tão severo que impede inclusive a realização de exames ginecológicos. Para quem sofre desse distúrbio, o tratamento deve ser individualizado, dependendo das causas do problema. Por isso, a orientação geral é procurar primeiramente o ginecologista. 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Vaginismo é uma disfunção sexual de ordem psicológica

Psicólogo e sexólogo Paulo Bonança. Copacabana
Contato :(21) 2236-3899 e 99783-9766



por Arlete Gavranic

Vaginismo é a dificuldade e/ou incapacidade de se realizar uma relação sexual completa, pois a mulher não consegue permitir a penetração devido a contrações involuntárias da musculatura da entrada da vagina.


Essa disfunção sexual afeta a liberdade de resposta sexual (excitação) feminina impedindo severamente, se não totalmente, a prática do coito.
Não há causas orgânicas para essa disfunção. A causa psicológica em geral está associada ao medo, mesmo que muitas pacientes não tenham consciência disso.

Essa disfunção pode ser primária, ou seja, quando a dificuldade sexual acontece desde a primeira tentativa de penetração, e pode ser, além de primária, global, que é quando há a incapacidade de inserir ou permitir inserção de qualquer objeto ou dedo. Isso impede inclusive a realização de exame ginecológico ou uso de tampão absorvente.

A disfunção pode ser situacional em decorrência de alguma fato, como por exemplo traição, alcoolismo do parceiro... *Ou seja, ela tolera exame ginecológico ou tampão, mas não permite intercurso sexual.

Segundo a Dra. Glene Rodrigues, médica ginecologista e terapeuta sexual, os aspectos psicossocioculturais do vaginismo primário podem estar ligados a experiências como:

• educação restritiva ou punitiva onde ocorreram falas ou pressões que geraram repulsa à atividade sexual; ignorância sobre o corpo, com fantasias sobre dor, medo de repressão, de romper o hímen, etc.

• experiências com vivência sexual destruidora onde ocorreram com a paciente ou com alguém próximo: abuso sexual, estupro, cenas de sadismo, tentativa de primeira relação traumática, ou ainda relatos distorcidos (amedrontadores) sobre a vida sexual.

Essa disfunção também pode ser secundária, ou seja, ocorrer após um período de vida sexual ativa.

O quadro vagínico pode ser resultado de processo orgânico causador de dispareunia (dor durante o ato sexual), gerando aversão à relação sexual. É importante ressaltar que quadros de dispareunia e aversões fóbicas não são tratados com terapia sexual mas sim com acompanhamento psiquiátrico.
Existem outros fatores como: exame ginecológico traumático, partos difíceis, pós-doenças sexualmente transmissíveis, pós-cirurgias; traição masculina (rejeição, castigo ou nojo do par).


Perfil
Glene Rodrigues nos lembra que também deverão ser entendidos e tratados na terapia sexual os perfis psicológicos femininos muito freqentes em mulheres vagínicas: mulher autoritária; mulher “Bela Adormecida” - mulher frágil - ; ou ainda “abelha-rainha” - mulher-mãe.


Eles
Os perfis masculinos que se repetem mais freqentemente nessas relações são os de homens tranquilos, tímidos, “muito compreensivos” ou até carentes de assertividade. Muitos podem se tornar parceiros com disfunções complementares, em geral com casos de disfunção erétil ou ejaculação precoce. Embora eles não provoquem vaginismo na mulher, há uma relação de codependência e há casais que convivem com o problema durante anos.

O tratamento dessa disfunção inclui o esclarecimento do processo de vaginismo com informações sobre anatomia, hímem, elasticidade, sentimentos, discussão de temores e falta de motivação para o sexo. São desenvolvidas técnicas comportamentais específicas para eliminar essa relação medo/penetração.

O vaginismo é uma disfunção sexual de fundo psicoemocional, não será só um tratamento medicamentoso com “analgesia” da região da entrada da vagina, que se resolverá o problema. Muitas tentativas com medicações ansíoliticas têm sido realizadas, mas somente a utilização de medicações não leva a solução da dificuldade sexual.


Experiências
Segundo Glene, já existem experiências realizadas com toxina botulínica tipo A injetada nos músculos próximos à vagina com o objetivo de impedir contrações involuntárias.


Terapia sexual
Esperamos que essas mulheres superem e resolvam essa disfunção para desfrutarem de uma vida sexual prazerosa e independente do uso de drogas ou qualquer outro artifício. As técnicas de terapia sexual são eficazes em mais de 90% dos casos.

*Fonte: Rev. Obstet. Gynecol, 2004:104

Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/vaginismo01.htm

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Vaginismo: causas e tratamentos

                                              Vaginismo

    http://www.minhavida.com.br/saude/temas/vaginismo
  • O vaginismo é caracterizado pela contração involuntária dos músculos (espasmo) ao redor do orifício da vagina, causando dor, dificuldade e até impossibilidade de manter relação sexual, sem causa física. Alguns estudos questionam a causa destes mecanismos que levam à dor como sendo desencadeada da mesma maneira que a vulvodinea localizada, que é a dor pela manipulação da entrada da vagina.
É frequente nos depararmos com casais que não expõem este tipo de problema, o que acaba levando a sentimentos de raiva, culpa, frustração, rejeição e distanciamento entre o casal. Alguns estudos mostram que menos de 30% das pacientes com sintomas do vaginismo se consultam por este problema. Por isso, sua incidência é muito difícil de estimar, mas pode ocorrer em cerca de 5% a 17% das queixas.

Causas

É importante diferenciar o vaginismo de outras dores que podem ocorrer antes, durante ou depois da relação sexual, as chamadas dispareunias. Existem inúmeras causas de dispareunias, como infecções, atrofia, mal formações, falta de lubrificação, problemas urinários, intestinais e ginecológicos. O vaginismo pode ser um dos diagnósticos já que, muitas vezes, ocorre sobreposição entre eles. O problema pode ser dividido conforme a época do aparecimento, em primário quando ocorre desde o inicio da vida sexual e secundário quando acontece depois de um período de relações normal.
As causas do vaginismo ainda não são bem conhecidas, provavelmente multifatoriais. O vaginismo primário está mais relacionado a um mecanismo psicossomático e, o secundário, a uma experiência negativa real ou imaginaria. Independentemente da causa, ela funciona como um ciclo: medo da dor, ansiedade, contração e dor. Por ser multifatorial, é impossível focar apenas nas causas psicológicas ou só nas orgânicas.

Fatores de risco

A resposta sexual psicofisiológica da mulher depende de inúmeras causas desde como foi o desenvolvimento da sua sexualidade, educação, tabus, religiões, moral, personalidade, histórias de abuso, falta de conhecimento sexual, cultural etc. A falta de atitude positiva em relação ao prazer sexual também é um fator importante.

 sintomas

Sintomas de Vaginismo

Os sintomas mais comuns de vaginismo são:

Buscando ajuda médica

A dor, dificuldade na relação sexual, dúvidas e necessidade de ajuda são motivos que indicam a necessidade de uma consulta médica. Além disso, é um momento e uma grande oportunidade de melhorar a comunicação, aproximação do casal, autoconhecimento e autoestima.

Diagnóstico de Vaginismo

O diagnóstico do vaginismo é feito pelo histórico do paciente, exame clínico e por exames de imagem, se necessário, para afastar algum problema orgânico.

 tratamento e cuidados

Tratamento de Vaginismo

O médico deve, sempre que possível, avaliar o casal, condições de tratamento etc. Existem médicos, psicólogos e terapeutas especializados nestes problemas que devem ser consultados para evitar frustração por tratamentos inadequados.
Deve-se tratar com medicamentos doenças associadas que podem causar dor como infecção, e hormônios para atrofia. Alguns trabalhos incluem gel anestésico e Botox para ajudar a relaxar a musculatura.
Após excluir e tratar as causas orgânicas é importante dar apoio emocional, orientar a paciente a conhecer seu próprio corpo, avaliar a necessidade de tratamento por psicoterapia, fisioterapia do assoalho pélvico (exercícios de Kegel), terapia cognitiva-comportamental, biofeedback, focando no componente da dor.
As cirurgias podem ajudar a corrigir os problemas anatômicos, mas no vaginismo já são excluídos estas doenças.

 convivendo (prognóstico)

Convivendo/ Prognóstico

Para evitar complicações decorrentes do vaginismo o paciente deve sempre tentar se conhecer mais, ter mais autoestima e segurança e, se necessário, procurar ajuda e apoio médico e psicológico de manutenção.

Complicações possíveis

A principal complicação da falta de tratamento para o vaginismo é a perda da oportunidade do desenvolvimento psicológico da mulher e do casal. São aqueles momentos difíceis da vida que é necessário atravessar, deixar de lado o pseudo conforto e a segurança da dor já conhecida e enfrentar uma parte oculta e desconhecida.

Expectativas

As chances são grandes quando existe realmente vontade, possibilidade de tratamento e mudanças.

 prevenção

Prevenção

O "órgão" sexual mais importante é o cérebro. O do desenvolvimento da sexualidade e como ela é digerida e absorvida é diferente para cada pessoa. O ideal seria que a pessoa se conhecesse melhor tanto do ponto de vista psicológico, como do anatômico e do fisiológico. É importante avaliar a necessidade de alguma intervenção no desenvolvimento das atitudes negativas em relação a sexualidade. O indivíduo tem necessidades diferentes nas fases da sexualidade desde que é feto até a morte e isso deve ser feito de maneira mais natural e saudável possível.

 fontes e referências

  • Fabio Laginha, ginecologista e mastologista, coordenador da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho e especialista Minha Vida (CRM 42141-SP)
  • http://www.minhavida.com.br/saude/temas/vaginismo

sábado, 21 de março de 2015

Dor e Dificuldade de Penetração na Relação Sexual Podem ser Vaginismo

Mulheres não devem deixar de procurar ajuda; índice de resolução do problema varia entre 90% a 95% e acontece no período de três a seis meses

Valéria Mendes - Saúde Plena

Publicação:22/10/2014 09:30Atualização:22/10/2014 09:48

Vaginismo é a contração involuntária da musculatura vaginal que impede a penetração. Essa disfunção sexual acomete entre 1 e 6% das mulheres com vida sexual ativa. Pouco conhecida e muitas vezes confundida com a dor na relação sexual – cujo nome técnico é dispareunia -, é comum não só que a mulher receba o diagnóstico errado, já que muitos profissionais desconhecem o problema, como também tenha que se submeter a um rosário de especialistas com tratamentos, inclusive, inadequados. “As pacientes relatam ser tratadas como neuróticas ou difíceis e acusadas de não colaborarem com o exame médico. Às vezes se referem ao exame ginecológico como um estupro, já que a questão básica dessa disfunção sexual é a incapacidade em permitir a penetração vaginal, seja através do ato sexual, do exame ginecológico ou em alguma outra situação, mas nem sempre em todas”, explica o ginecologista, sexólogo, coordenador do Departamento de Sexologia Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) e presidente do Comitê de Sexologia da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Ramon Luiz Braga Dias Moreira.

A jornalista H. B., 33 anos, conta que recebeu o diagnóstico vaginismo no parto de sua filha, hoje com 13 anos. “O obstetra tentava fazer o exame de toque para ver a minha dilatação e involuntariamente o músculo da minha vagina apertava a mão dele, sendo que o tempo todo ele me pedia para relaxar para facilitar o exame. Ele me disse que não era normal sentir dor no exame de toque, mas eu sentia muita porque os músculos se contraíam, como se quisessem impedir a penetração de sua mão. Ele não me disse nada na hora, mas foi até à minha mãe e disse a ela que eu deveria procurá-lo para tratar de vaginismo. Na hora, ela ficou sem entender nada”, relata.

Em artigo publicado na Revista Médica de Minas Gerais, Ramon Luiz Braga afirma que existem imprecisões quanto ao próprio conceito de vaginismo, mas também em relação ao diagnóstico, forma de tratamento e participação de vários especialistas como psicólogos, fisioterapeutas, ginecologistas, psiquiatras, sexólogos e psicanalistas no esforço de propor uma abordagem à paciente. Atualmente, a literatura médica coloca como definição de vaginismo “a dificuldade persistente ou recorrente da mulher em permitir a entrada vaginal do pênis ou dedo e/ou objeto, apesar do desejo expresso da mulher em fazê-lo. Ocorre geralmente evitação (fóbica), contração involuntária da musculatura pélvica e antecipação/medo/experiência de dor. Devem ser excluídas outras anormalidades estruturais ou físicas”. O conceito consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicação norte-americana que é conhecida como ‘bíblia da psiquiatria’.

Membro também da Sogimig, a ginecologista Ana Lucia Valadares explica que o vaginismo é classificado como primário ou secundário. No primeiro caso, segundo ela, a mulher apresenta o problema já no início da vida sexual. “O secundário é quando a disfunção aparece em algum momento da vida sexual”, afirma a médica.

Depois do nascimento da filha, H. B. foi ao consultório do médico que assistiu o parto e o profissional fez o encaminhamento a um sexólogo. “Achei super estranho, mas como confiava muito nele, fui o mais rápido possível. O sexólogo também era ginecologista, me examinou e viu que clinicamente não havia nada de errado. Nesta mesma consulta, ele fez três moldes de gesso (pequeno, médio e grande) e pediu que eu usasse todos os dias e fosse aumentando o tamanho gradativamente. Eu colocava o molde dentro de um preservativo masculino e introduzia na vagina. Ficava com ele o dia todo. A intenção era fazer com que a musculatura vaginal se acostumasse com a penetração e parasse com os movimentos involuntários sempre que algo se aproximasse. O tratamento durou apenas três dias, confesso que tenho nervoso de ficar mexendo muito, nem absorvente interno eu uso, mas por incrível que pareça, usei apenas o molde P nos três dias e o problema foi completamente resolvido. Desde então eu tenho relações normais e prazerosas do início ao fim”, relata.

Causas

Ramon Luiz Braga afirma que o histórico de uma educação sexual rígida - seja moral, religiosa ou ambas - é a causa mais comum do vaginismo. “Mulheres com histórico de abusos sexuais na infância e estupro em qualquer fase da vida podem desenvolver a disfunção sexual. É comum também quando a primeira relação sexual foi insatisfatória, dolorosa ou forçada”, explica o especialista. 

O ginecologista e sexólogo diz ainda que lesões prévias sobre a vulva e a vagina, história de infecções repetidas que causam dores e irritações crônicas também podem ocasionar o problema. “A dispareunia pode evoluir para o vaginismo”, observa. 

Mulheres que sofreram traumas não sexuais no passado - como acidentes de automóveis, violência doméstica e assaltos à mão armada - também podem desenvolver essa disfunção sexual. “Nesses casos, pode-se dizer que é sintoma atípico de síndrome de pânico. O vaginismo pode também ser a negação à homossexualidade, nas mulheres que insistem em relação heterossexual que não é o seu objeto de desejo. Há casos em que o vaginismo constitui-se em rejeição específica ao parceiro sexual e a condição desaparece quando a paciente troca de parceiro”, detalha o médico. Outra situação em que o vaginismo pode aparecer é após a menopausa devido à atrofia genital no período ou mesmo sem esse fator. 

Causas físicas também podem gerar o vaginismo. “Processos anatômicos, ou seja, quando a mulher nasce com algum defeito na vagina, câncer de colo de útero, câncer da vagina, atrofia da vagina e o próprio tratamento contra o câncer podem ocasionar essa disfunção sexual”, explica Ramon. Mulheres que passaram pela episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) no parto via vaginal também podem desenvolver vaginismo.

O especialista chama atenção para as cirurgias estéticas da vagina. “É uma região de muitas terminações nervosas, com risco de cicatriz dolorosa que pode afetar a vida sexual da mulher para sempre. Qualquer corte na vagina necessita de uma indicação bem precisa, que faça diferença para a saúde da mulher. Não se pode sair indicando plástica na vagina para todo mundo, mas apenas quando os grandes lábios e pequenos lábios estiverem atrapalhando algum processo fisiológico ou causando algum transtorno para a vida dessa mulher”, avalia.

Dificuldade no diagnóstico
H. B. diz que, por três anos, sentiu dor nas relações sexuais. “Eu expliquei ao sexólogo que era uma luta para conseguir ter relações sexuais, a dor era quase insuportável e eu ficava machucada (assada) com poucos minutos. Eu achava que aquilo era normal e que, provavelmente, acontecia porque eu não tinha relações sexuais frequentes. E naquela época eu não contava isso pra ninguém, só contei depois que me curei. Ele me explicou que o vaginismo ocorre, geralmente, por algum problema ou trauma psicológico. Eu não me lembro de nenhum, mas o que importava era me tratar”, conta.

A jornalista relata que conseguia sentir algum prazer no sexo. “Antes de chegar ao orgasmo, o queimor como de uma assadura começava e atrapalhava tudo. Como a musculatura se comprimia o tempo todo como se quisesse expulsar o pênis, isso causava uma irritação horrível, parecia que tinha sofrido queimaduras mesmo. Em três anos eu cheguei ao orgasmo duas vezes”, narra. 

Ela diz ainda que o namorado sempre foi muito paciente. “Quando eu pedia para parar, ele respeitava o meu pedido sem ficar chateado e eu tentava compensá-lo de outras maneiras. Como ele foi o meu primeiro parceiro, parece que ele pensava igual a mim, que isso acontecia porque eu não tinha relações frequentes e porque ainda era inexperiente. Mas como achávamos normal, nunca falamos em procurar ajuda médica”, afirma.

Após o tratamento, H. B. descreve a sensação quando teve a primeira relação sexual sem dor. “Aí eu descobri o que era prazer de verdade. Relação sexual não tem absolutamente nada a ver com dor. E o bacana é que meu namorado na época também viu o quanto a nossa relação ficou melhor. Eu chegava ao orgasmo sem interrupções e a penetração se tornou um momento super tranquilo. Nada de tensão”, revela. A jornalista diz que não tem qualquer receio de o problema voltar. “Nem penso nisso. Na verdade nem lembro do vaginismo na minha vida”, reforça.

A jornalista recebeu o diagnóstico de vaginismo tanto do médico que fez o parto da filha dela, quanto do sexólogo que a acompanhou.“Olha, o que eu sei é que dava trabalho para o meu namorado, viu? A penetração era doída para ele também porque eu travava a musculatura de uma forma impressionante. Para você ter ideia, nós chegamos a ir umas três vezes ao motel e saímos de lá sem ter tido penetração. Em outras ocasiões, nós conseguimos, com muito custo, mas conseguimos”, resume.

Ramom Luiz Braga reforça que a própria definição de vaginismo traz em si algumas ambivalências como ser descrita na seção de doenças mentais apesar de o diagnóstico ser feito por ginecologistas. “Como fazer o diagnóstico de vaginismo se a mulher não permite o exame vaginal? Como saber se ela tem espasmo (contração involuntária) da musculatura se não se tem acesso à sua vagina? Só resta pensar que esse diagnóstico é feito por ‘presunção’”, explica. A terceira dúvida é resumida assim por ele: “O que se contesta hoje é se a mulher realmente possui um espasmo crônico da vagina e por isso não consegue a penetração ou se ela contrai a vagina e o períneo devido ao medo da penetração, somente na hora em que essa ameaça aparece”. 

Tratamento

O desconhecimento geral do problema é uma das dificuldades a ser superada pela mulher que tem vaginismo. “A primeira providência é informar essa mulher sobre a disfunção e assegurar que há tratamentos disponíveis. Um dos grandes erros é propor uma solução cirúrgica, o que raramente é necessário, somente quando a causa do vaginismo é física”, pontua Ramon Luiz Braga. 

Segundo o especialista, existem vários tratamentos para o vaginismo, mas o mais importante é a psicoterapia associada ao acompanhamento médico. “O vaginismo é uma reação fóbica da mulher à penetração, é muito comum em mulheres com conceito errado da sexualidade, que receberam uma educação sexual rígida”, reforça. 

O ginecologista e sexólogo explica que é necessário que a musculatura vaginal da mulher retorne ao tônus normal. Para isso, é feito uma dilatação manual com o uso de vasodilatadores. “Também é possível provocar a alteração desse tônus com um aparelho de fisioterapia chamado biofeedback. São eletrodos que são introduzidos na vagina para provocar contraçãoes involuntárias e diminuir o tônus muscular”, explica. Outra alternativa é a injeção de toxina botulínica (botox) para relaxar a musculatura. Segundo Ramon, ainda existem medicamentos que provocam esse relaxamento. A terapia é importante, inclusive, para trabalhar a relação da paciente com a própria genitália. “O índice de resolução do problema varia entre 90% a 95% e acontece no período de três a seis meses”, diz o médico. Ramon Luiz Braga salienta que as mulheres que ficam focadas no ginecologista não encontram tratamento correto. 

O que mostram os avanços sobre o conhecimento do vaginismo é que ele requer abordagem multidisciplinar. “Os profissionais que se dedicam ao tratamento desse assunto devem entender o sofrimento por que passam as pacientes”, afirma Ramon. Segundo ele, novos tratamentos estão em progresso e os estudos na área da fisioterapia têm sido muito importantes para impedir que o vaginismo impeça a vida sexual e o bem-estar de muitos casais.


Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/10/22/noticia_saudeplena,150930/dor-e-dificuldade-de-penetracao-na-relacao-sexual-podem-ser-vaginismo.shtml

sexta-feira, 20 de março de 2015

35% das mulheres brasileiras sofrem com disfunção sexual















Pesquisa mostra que 35% das mulheres no Brasil sofrem com disfunção sexual Médicos orientam o que deve ser feito para evitar traumas


Participação: Psicólogo e Sexólogo Paulo Bonanca
Silvia Pacheco
Correio Braziliense


Nunca se falou tanto de sexo. Jamais ele foi considerado tão importante. O dinheiro que se gasta com isso não para de crescer. E nunca se faz tanto sexo como agora. Boa parte das mulheres, porém, parece não aproveitar a festa como poderia. Dados da mais ampla pesquisa feita sobre sexo já realizada no país — o estudo Mosaico Brasil —, em 2008, mostram que 35% das mulheres adultas sofrem de algum tipo de disfunção sexual. Os estudiosos no assunto revelam que, a cada 100 mulheres, 35 nunca atingiram o orgasmo e uma em 10 tem problemas de desejo sexual. Na vida de cada uma, isso torna-se um problema que atrapalha não só a relação conjugal, mas também a saúde mental e física.

Segundo especialistas, as causas das disfunções sexuais femininas podem ser tanto orgânicas — como doenças e uso de drogas — quanto psicológicas. É consenso nos consultórios, contudo, que grande parte dos problemas sexuais são provocados justamente por razões emocionais. “Isso envolve as várias nuances do relacionamento a dois e a construção da sexualidade individual”, diz o psicólogo e sexólogo Paulo Bonança. São traumas, culpas e até desentendimentos com o parceiro que acabam agravando o quadro de disfunção sexual.

Entre os fatores orgânicos, há elementos como a fisiologia da mulher — má formação congênita, questões hormonais e até doenças como o diabetes, a hipertensão e a depressão — e o uso de remédios. Já os fatores emocionais passam pelo âmbito cultural, influenciado pela sociedade — com seus valores e preconceitos —, pela herança herdada dos pais e até mesmo pela religião.

Gérson Lopes, ginecologista e presidente da Comissão de Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), destaca que, primeiro, é necessário a mulher conhecer e entender o seu corpo e, principalmente, não ignorar os problemas que surgem. Ou seja, a mulher deve procurar um médico quando aparecer qualquer tipo de problema que a incomode em relação ao sexo. “Esses problemas são muito mais comuns do que se imagina. O melhor de tudo é que eles têm tratamento. Se forem orgânicos e fisiológicos, o ginecologista resolve. Se for na esfera emocional, o sexólogo trata rápido, dependendo dos fatores causadores. Se não for tratado, a mulher pode entrar em depressão”, esclarece Lopes.

Libido

As duas maiores queixas que o ginecologista recebe em seu consultório são a falta de desejo sexual e a falta de excitação, ou ausência de prazer. “Isso afeta, principalmente, mulheres a partir dos 40 anos, que começam a ter a libido reduzida(1) por conta do início do climatério”, esclarece. O médico explica que essa ausência se dá de duas formas: quando a mulher tem desejo, mas não sente prazer, o que, possivelmente, está associado a fatores emocionais; e quando ela consegue ter prazer, mas não há lubrificação vaginal adequada, o que faz com que a relação sexual se torne dolorida. Essa segunda situação, de acordo com Lopes, na maioria da vezes, está relacionada à deficiência na produção do hormônio estrogênio.

Mesmo sabendo das consequências decorrentes da menopausa, a comerciante Maria*, 50 anos, se assustou quando começou a sentir dor no ato sexual. “Ficava me perguntando o que havia de errado, pois eu sentia desejo, mas o sexo me machucava. Procurei o médico e ele me disse que minha lubrificação vaginal havia diminuído e que iria diminuir mais com a idade — na época, tinha 42 anos. Ele me passou alguns remédios, para acertar meus hormônios, e me receitou lubrificantes. A partir daí, retomei minha vida sexual e não tive mais dores”, relata a comerciante.

Contudo, uma disfunção chama a atenção dos especialistas: a falta de orgasmo. Esse problema, segundo Lopes, atinge mulheres jovens de 20 anos a 30 anos e, possivelmente, é causado pela “ditadura” do orgasmo e pela ansiedade do desempenho sexual. Paulo Bonança acrescenta que a pressão sobre a mulher para que ela se enquadre nos padrões de beleza e para que ela corresponda à imagem da “mulher dos sonhos” — a mais bonita, a melhor de cama, a que está sempre com vontade e tem prazer o tempo todo. “Se espera que as pessoas sigam os padrões de comportamento. Isso é negar o que ela sente de verdade. Esses aspectos são externos e não representam o que a pessoa sente e quer”, diz o sexólogo.

Longe das nuvens

A publicitária Mônica*, 36 anos, afirma nunca ter tido um orgasmo. “Adoro sexo, sinto prazer, mas nunca fui até ‘as nuvens’, como minhas amigas dizem sentir-se quando têm orgasmo”, brinca. A publicitária alega que o fato de ter sido gorda na adolescência reflete-se hoje. “Sempre acho que o meu parceiro não vai me achar gostosa e isso me atrapalha, porque fico prestando atenção se ele está observando alguma coisa no meu corpo”, conta. Mônica revela que a obrigação que ela sente de estar sempre bonita para o prazer do outro a incomoda. “Não é todo dia que estamos bem, mas me sinto na obrigação de estar.”

O que a publicitária vive é a realidade de muitas mulheres. Bonança ressalta, porém, que o sexo não é algo pensado, mas sim sentido. Segundo ele, quando uma pessoa faz sexo se observando, ela está fora do ato, não está em contato com o prazer. Por outro lado, fingir que não está acontecendo nada e não conversar sobre o problema só agrava o quadro. “É a fantasia de que, se não se tocar no assunto, não se vai passar pela angústia e ansiedade. Essa própria disfunção é um sintoma de que a pessoa encobre algo”, analisa o sexólogo. “O ideal é que a pessoa busque ajuda. Uma terapia específica com sessões no consultório e com possíveis tarefas de casa — atividades de autoconhecimento.” Bonança insiste, contudo, que a mulher deve conversar com o parceiro. “O companheiro pode até pensar que não há nenhum problema, mas sente que algo está errado. O corpo fala.”

Nomes fictícios a pedido das entrevistadas

1 - Estrogênio em queda
A menopausa é um dos fatores que podem desencadear uma redução da libido. Quando começa, na meia-idade, o corpo diminui a produção do estrogênio — que inicia na adolescência, quando é responsável pelo aparecimento dos sinais sexuais secundários na mulher. A diminuição desse hormônio é a causa da falta de lubrificação vaginal, que acaba por afetar as relações sexuais, ao tranformá-las em algo desagradável e doloroso. O tratamento é feito com a reposição hormonal indicada por um ginecologista.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/01/cienciaesaude,i=210882/PESQUISA+MOSTRA+QUE+35+DAS+MULHERES+NO+BRASIL+SOFREM+COM+DISFUNCAO+SEXUAL.shtml